Anestesia geral é definida como um estado induzido por fármacos, reversível, em que o paciente permanece imóvel ao estímulo cirúrgico, em decorrência de depressão do sistema nervoso central. A profundidade da anestesia se refere ao grau variável da depressão do sistema nervoso central, e à progressiva diminuição da resposta aos estímulos.
A situação de consciência transoperatória deve ser analisada de duas maneiras distintas. Há diferenças entre acordar durante a anestesia e ter consciência deste período. No primeiro caso, o paciente pode acordar, ter movimentos voluntários ou sob comando, mas não lembra disso no pós-operatório. Já consciência durante anestesia implica em lembrar do que foi vivenciado durante o ato anestésico-cirúrgico.
Durante uma anestesia, para manutenção adequada da anestesia geral, o anestesiologista baseia-se em monitorização clínica (controle de movimento, abertura dos olhos, diâmetros das pupilas, sudorese), monitores convencionais (pressão arterial, freqüência cardíaca, gás carbônico expirado), e nas doses indicadas de cada anestésico. A capacitação e atenção do anestesiologista aos detalhes são fundamentais para análise conjunta de todas as informações.
Monitores de função cerebral estão sendo progressivamente introduzidos na prática clínica, e prometem grande auxílio num futuro próximo. O índice bispectral (BIS) é um monitor que vem sendo amplamente empregado e estudado nos últimos 10 anos. Sua utilização mostrou-se eficaz na diminuição da incidência de consciência transoperatória.
As situações nas quais a consciência transoperatória pode ocorrer, embora infrequente, são:
– Cirurgias em pacientes graves e debilitados que poderiam não suportar uma dose elevada de anestésicos;
– Cesarianas sob anestesia geral, pelo risco de doses elevadas passarem para a criança;
– Pacientes em uso crônico de substâncias como álcool, sedativos, fármacos psicotrópicos e outras.
Portanto, sempre é importante fornecer informações mais completas possíveis ao médico anestesiologista durante sua consulta pré-anestésica.
Além de ser um fato raro de ocorrer, a incidência geral varia de 0,1 a 0,2 dos pacientes submetidos à anestesia geral, a consciência transoperatória é freqüentemente breve e não traumática.
A consciência pode variar desde lembranças vagas até recordação específica de eventos e ser de maior duração.
Pacientes podem sonhar durante a anestesia, e podem ter lembrança do ambiente cirúrgico antes e após a anestesia, estes fatos não são considerados consciência transoperatória.
Qual a orientação para pacientes que relatam ter tido consciência durante uma anestesia geral?
Após suspeitar que tenha tido consciência transoperatória, o paciente deve procurar seu médico anestesiologista e conversar com ele sobre o fato. Ele poderá lhe explicar os eventos ocorridos na cirurgia e as possíveis razões de ter ocorrido lembrança durante a anestesia. Recomenda-se o acompanhamento psicológico precoce para evitar ou minimizar a ansiedade e stress pós-traumático gerado pela situação.
Onde posso conseguir maiores informações sobre o assunto?
A Sociedade Brasileira de Anestesiologia está disponibilizando em seu portal, informações científicas e para o público leigo. Outro endereço eletrônico que poderá ser utilizado é o da Sociedade Americana de Anestesiologia (http://www.asahq.com).
Dr. Airton Bagatini – RS